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Por que você não é tão egoísta quanto pensa

Os diferentes tipos de cultura refletem o comportamento das pessoas

Leonardo Siqueira

27/08/2025 às 07:30

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De acordo pesquisas, os altruístas doadores de órgãos apresentaram amígdalas direitas maiores (regiões do cérebro associadas às emoções) do que o grupo de controle não doador

De acordo pesquisas, os altruístas doadores de órgãos apresentaram amígdalas direitas maiores (regiões do cérebro associadas às emoções) do que o grupo de controle não doador | Freepik

Uma parte da ciência sugere que o ser humano tende ao altruísmo. Mas será que é preciso pensar no outro o tempo todo? O repórter do portal BBC, Matt Warren, se dedicou a descobrir se o individualismo é uma coisa boa ou ruim. 

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Ao entrar em um avião e ler as medidas de segurança do pré-voo, o jornalista se deparou com um aviso: “colocar a sua própria máscara de oxigênio antes de ajudar os outros”. Podia ser um sinal de um mundo que costuma recompensar o narcisismo. 

O psicólogo social Geert Hofstede definiu individualismo como "a medida em que as pessoas se sentem independentes, em oposição à interdependência como membros de um todo maior". Essa forma de viver não é endêmica, mas está em alta. A questão é se é algo bom ou não. 

Efeito espectador 

Além da psicologia, a economia e a biologia — principalmente na parte darwiniana — supõem que a competição humana seja a forma crua de que a sociedade é cruel e egoísta. É o que afirma Steve Taylor, professor de psicologia da Universidade de Leeds Beckett.

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O cérebro busca priorizar a si para satisfazer os próprios gostos e, principalmente, manter o corpo humano vivo — o que contribui para ações egoístas. Um exemplo conhecido é de 1960, chamado de “efeito espectador”. 

Nele, as pessoas normalmente evitam intervir em uma crise quando outras estão por perto. O efeito surgiu depois do caso de Kitty Genovese, bartender de 28 anos que foi estuprada e morta na frente de quase 40 testemunhas em 1964 — nenhuma delas pediu socorro. 

Mesmo ouvindo os gritos de Genovese, os vizinhos justificaram para a polícia que imaginaram uma briga de namorados; outros disseram que a luz do quarto atrapalhou a visão da janela para ver o que estava acontecendo e alguns estavam cansados, decidiram voltar para o quarto. 

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Novos costumes

Porém, pesquisas sugerem que o comportamento geral mudou. Um artigo publicado em 2020 investigou gravações de câmeras de segurança de ataques violentos no Reino Unido, Holanda e África do Sul. Foi constatado que as pessoas estão mais dispostas a priorizar o outro. 

Uma ou mais pessoas tentaram ajudar em nove de cada dez ataques. Um argumento explicativo é que alguns “heróis” são, em algum nível, motivados pela autogratificação. 

Outros estudos defendem que ações altruístas são quase instintivas. Durante o show da Ariana Grande em 2017, um homem-bomba matou 22 pessoas e deixou mais de mil feridas. Mesmo assim, diversas pessoas arriscaram a própria vida para salvar outras. 

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O Relatório de Kerslake foi uma revisão independente que analisou a preparação de resposta de emergência ao ataque no show da Manchester Arena. Em uma das linhas destacou: “centenas, senão milhares, de atos de bravura e altruísmo individuais”.

Bebês revelam a verdade?

Para Steve Taylor, existem razões evolutivas que justificam o senso altruísta. Durante grande parte da história, os humanos viveram em tribos altamente cooperativas. Os grupos que ainda vivem dessa maneira tendem a ser mais igualitários.

"Não há razão para que os primeiros seres humanos fossem competitivos ou individualistas. Isso não teria ajudado em nada a nossa sobrevivência. Na verdade, teria colocado nossa sobrevivência em risco”, explica o professor. 

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Por outro lado, um estudo do departamento de psicologia do Instituto Max Planck de Antropologia, da cidade de Leipzig, Alemanha, conclui que bebês de 14 a 18 meses se esforçam para ajudar os outros — alcançando objetos para os demais, por exemplo. 

No caso dos adultos, outro estudo constatou que o voluntariado faz bem para as pessoas. O grupo altruísta apresentou 40% menos probabilidade de desenvolver pressão alta em relação ao que não fazia trabalho voluntário com frequência. 

“Moralmente medíocre”

Tony Milligan é pesquisador de filosofia e ética no King´s College London. Para ele, as pessoas deveriam reconhecer que a grande maioria é “moralmente medíocre”. E isso não é ruim. 

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Milligan argumenta que as pessoas costumam superestimar a própria bondade moral e isso pode trazer um impacto negativo. O corpo humano sente culpa e decepção quando não consegue responder a padrões inflacionados. 

Ainda acrescenta que é irrealista copiar figuras extremamente altruístas como Buda, Gandhi ou Jesus Cristo. "Podemos agir à luz deles, mas se você não é uma dessas anomalias estatísticas, precisamos reconhecer que realmente estamos no meio-termo”.  

A tendência altruísta também é influenciada por meio das sociedades. Países europeus como o Reino Unido são popularmente conhecidos como mais egoístas do que asiáticos. 

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Durante a pandemia de Covid-19, pesquisadores descobriram que pessoas que viviam em países mais coletivistas eram mais propensas a usar máscara do que culturas individualistas. 

De qualquer forma, não existe um jeito certo de agir. Mesmo que o altruísmo possa beneficiar a todos, é importante que o indivíduo tenha atenção às próprias necessidades e entenda que a cultura tem grande influência nas ações do ser humano. 

**Texto com informações do jornal BBC Londres. 
 

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