Entre em nosso grupo
2
Continua depois da publicidade
Placar da votação foi de 54 votos favoráveis a 13 contrários | Divulgação/EBC
O Senado aprovou um projeto de lei que define novas diretrizes para o licenciamento ambiental no Brasil, na quarta-feira (21/5).
Continua depois da publicidade
O texto, que circula no Congresso há mais de duas décadas, sofreu alterações e será reenviado à Câmara dos Deputados.
O placar da votação foi de 54 votos favoráveis a 13 contrários. Parlamentares ligados ao setor agropecuário apoiaram a medida, com o argumento de que o projeto pode agilizar liberações para obras e atividades produtivas.
A proposta prevê uma Lei Geral do Licenciamento Ambiental, que unifica regras e amplia possibilidades de dispensa de análise técnica, inclusive por meio de autodeclarações dos próprios empreendedores.
Continua depois da publicidade
A relatora no Senado, senadora Tereza Cristina (PP-MS), afirmou durante a votação que o novo modelo busca padronizar o processo e reduzir entraves burocráticos.
Logo após a aprovação, o Ministério do Meio Ambiente publicou uma nota de repúdio à proposta.
A Pasta argumenta que a proposta compromete a segurança ambiental e fere o princípio jurídico que impede retrocessos na proteção da natureza.
Continua depois da publicidade
Organizações da sociedade civil também criticaram a medida. O Observatório do Clima afirmou que o projeto libera empreendimentos sem análise adequada e ignora impactos da crise climática.
O grupo vê risco de aumento de conflitos, danos ambientais e insegurança jurídica. A Frente Parlamentar da Agropecuária, por outro lado, declarou que o texto corrige distorções e destrava investimentos travados pela lentidão no licenciamento.
Um dos pontos mais contestados e polêmicos é a possibilidade de dispensa total de licenciamento para determinadas atividades agropecuárias.
Continua depois da publicidade
Nesses casos, os responsáveis poderiam apenas declarar que não estão desrespeitando regras ambientais, sem apresentar nenhuma documentação.
Outro item é a ampliação do uso da Licença por Adesão e Compromisso (LAC), modalidade em que a liberação é feita com base apenas na palavra do empreendedor.
Hoje, essa licença se restringe a empreendimentos de baixo impacto, mas o projeto permite sua aplicação em casos de médio risco.
Continua depois da publicidade
Segundo a ex-presidente do Ibama, Suely Araújo, a medida pode alcançar até 90% das licenças emitidas no país, incluindo setores como o da mineração e da indústria.
O texto também inclui a criação de uma nova categoria de licença: o Licenciamento Ambiental Especial.
A proposta partiu do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e prevê que obras consideradas estratégicas pelo governo possam receber autorização direta, em até 12 meses.
Continua depois da publicidade
A decisão sobre quais projetos entram nessa categoria caberia ao Conselho do Governo, formado por representantes do Executivo federal.
O Instituto Socioambiental alertou que esse modelo pode ser usado para liberar empreendimentos na Margem Equatorial, como os previstos na região da Foz do Amazonas.
Outro trecho criticado por entidades do setor ambiental é o que exclui da proteção legal os territórios indígenas e quilombolas que ainda não foram homologados ou reconhecidos oficialmente pelo Estado.
Continua depois da publicidade
Um estudo do Instituto Socioambiental indica que a mudança pode reduzir a exigência de licenciamento para obras em 18 milhões de hectares, área comparável ao território do Paraná.
De acordo com o levantamento, mais de 250 Terras Indígenas e 1.500 territórios quilombolas deixariam de ser considerados nos processos de licenciamento, mesmo que habitados por comunidades tradicionais.
A Sociedade de Arqueologia Brasileira também se posicionou contra o texto.
Continua depois da publicidade
Em nota, a entidade alertou que o projeto enfraquece a atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que só seria consultado em áreas onde já existam bens identificados.
O grupo lembrou que muitos sítios arqueológicos ainda não foram localizados, e que dispensar o Iphan pode resultar em perdas permanentes.
Como exemplo, citou casos em Minas Gerais, onde pinturas rupestres foram destruídas após licenças concedidas com base somente em autodeclarações.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade