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CPI DA COVID

E-mails sigilosos da Pfizer contradizem Pazuello e escancaram omissão do governo sobre vacinas

Reportagem mostrou que emails enviados pela Pfizer ao Ministério da Saúde, entregues à CPI em caráter de sigilo, evidenciam a insistência da farmacêutica para negociar vacinas com o governo federal, ao mesmo tempo que deixam clara a ausência de respo

Jeferson Marques Mendonça

Publicado em 22/05/2021 às 15:37

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Pfizer quer ampliar o público para o qual está autorizada a aplicação de sua vacina antiCovid / Reprodução/Felton Davis

Senadores que integram o grupo majoritário da CPI da Covid, formado por independentes e oposição, consideram que os e-mails enviados pela Pfizer comprovam a omissão do governo nas tratativas para comprar vacinas contra a Covid-19.

O lado governista da comissão, por sua vez, considera que essas comunicações fazem parte de um esforço para se criar uma narrativa falsa contra o governo do presidente Jair Bolsonaro.

Reportagem mostrou que emails enviados pela Pfizer ao Ministério da Saúde, entregues à CPI em caráter de sigilo, evidenciam a insistência da farmacêutica para negociar vacinas com o governo federal, ao mesmo tempo que deixam clara a ausência de respostas conclusivas às propostas apresentadas pela empresa.

De 14 de agosto a 12 de setembro de 2020, quando o presidente mundial do laboratório mandou carta ao Brasil, foram ao menos dez emails enviados pela farmacêutica discutindo e cobrando resposta formal do governo sobre a oferta apresentada.

A ausência de respostas para a compra de vacinas pela Pfizer se tornou um dos temas centrais da CPI, principalmente após depoimento do ex-secretário Fabio Wajngerten, na semana passada.

Wajngarten disse à comissão que iniciou tratativas com a Pfizer após constatar que as propostas para a venda de vacinas da empresa ficaram quase dois meses sem resposta do governo.

A fala foi corroborada com a oitiva seguinte, do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo.
Para senadores do grupo majoritário da CPI, os e-mails da Pfizer deixam claro que o governo buscava combater a pandemia com métodos alternativos, que não passavam pela vacina.

"Os documentos apontam que a CPI está no caminho correto da investigação. Enquanto os brasileiros precisavam de vacina, máscaras e oxigênio, o governo escolheu a contaminação de todos e o negacionismo, o resultado é a tragédia que estamos vivendo", disse à Folha o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

O também integrante da CPI e médico de formação Otto Alencar (PSD-BA) compartilha a visão do vice-presidente da comissão.

"Esses e-mails comprovam o que desconfiávamos, de que o governo Bolsonaro postergou a compra de vacinas, porque tinha a falsa crença de que a hidroxicloroquina e a imunidade de rebanho iriam funcionar no enfrentamento à pandemia", afirmou o senador.

Otto Alencar afirma que as investigações certamente vão revelar novos fatos e informações nessa direção, de omissão na compra de vacinas.

"Vacina nunca foi prioridade. Bolsonaro foi muito franco com isso, tanto que no fim do ano passado ele disse que o vírus ia embora e que não iria comprar vacina", completou o senador.

Os e-mails enviados pela empresa devem abrir uma linha de investigação. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirma que as mensagens deixam claro que as negociações não foram levadas adiante de uma maneira diligente.

"Eles mostram que a negociação foi, na melhor das hipóteses, amadora é lenta", afirmou.

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