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O crânio, considerado uma relíquia preciosa, permanece em uma caixa lacrada na Igreja de Saint-Maximin-la-Sainte-Baume | Wikimedia Commons e Dominio público
Figura central nos evangelhos canônicos, Maria Madalena teria acompanhado Jesus, testemunhado sua crucificação e teria sido a primeira a anunciar sua ressurreição. No entanto, sua identidade tem sido alvo de debates há dois mil anos.
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A seguidora de Cristo já foi retratada como discípula devota, pecadora arrependida e até mesmo esposa do Messias.
Além disso, relíquias atribuídas a ela, como um crânio e ossos, dividem opiniões e alimentam o mistério sobre seu verdadeiro destino.
Aliás, a existência do próprio Cristo ainda é questionada, embora haja evidências científicas da sua passagem pela Terra.
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Conhecida como Maria de Magdala, referência à cidade pesqueira na costa oeste do Mar da Galileia, a seguidora de Jesus foi uma das poucas mulheres mencionadas nos evangelhos que o apoiavam com seus próprios recursos.
Antigos textos cristãos indicam que sua influência era comparável à de Pedro, levando a especulações sobre um possível relacionamento íntimo com o Messias. Ao longo dos séculos, interpretações distintas moldaram sua imagem.
Em 591 d.C., o papa Gregório I contribuiu para uma das maiores confusões sobre sua identidade ao associá-la erroneamente a Maria de Betânia e a uma mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus.
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Com isso, consolidou-se a crença de que Maria Madalena teria sido uma prostituta, visão que só foi oficialmente desfeita pela Igreja Católica em 1969.
Entre os mistérios envolvendo Jesus, a Gazeta já explorou, por exemplo, qual a real aparência que ele teria apresentado em carne e osso.
Relatos da tradição cristã indicam que, após a morte de Jesus, Maria Madalena, junto com Lázaro e Maximino, fugiu da Terra Santa para Saintes-Maries-de-la-Mer, na França.
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Lá, teria vivido como pregadora, mas passou seus últimos anos em isolamento, numa caverna nas montanhas de Saint-Baume.
Outras versões sugerem que ela teria seguido para Éfeso com João Evangelista ou que teria falecido na Via Aurélia, em Saint-Maximin.
Desde a Idade Média, surgiram rumores de que os restos mortais de Maria Madalena repousavam no sul da França.
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Em 1279, um crânio atribuído a ela foi descoberto na cripta da Basílica de Saint-Maximin-la-Sainte-Baume. Além do crânio, a igreja guarda o 'noli me tangere', um pedaço de carne e pele da testa da seguidora de Jesus.
Análises conduzidas em 1974 indicaram que o crânio pertenceu a uma mulher que viveu no século I e morreu por volta dos 50 anos.
A ossada revelou cabelos castanhos escuros e uma origem mediterrânea, mas não há evidências definitivas de que tenha pertencido a Maria Madalena.
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Mais recentemente, o bioantropólogo Philippe Charlier e o artista forense Philippe Froesch utilizaram tecnologia de reconstrução facial para recriar o rosto da mulher a quem o crânio pertenceu.
O estudo, baseado em mais de 500 imagens tridimensionais, revelou uma mulher de rosto arredondado, nariz pontudo e maçãs do rosto pronunciadas.
Apesar de a autenticidade da relíquia permanecer incerta, o projeto trouxe um rosto para uma das figuras mais enigmáticas do cristianismo.
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Além do crânio, outras partes do corpo de Maria Madalena foram identificadas em diferentes locais.
Um osso do pé, supostamente o primeiro a entrar no túmulo de Jesus após a ressurreição, é preservado na Basílica de San Giovanni dei Fiorentini, na Itália.
No Mosteiro Simonopetra, no Monte Atos, acredita-se que sua mão esquerda seja uma relíquia incorruptível, emitindo um aroma peculiar e sendo associada a milagres.
Até mesmo um dente, que se acredita ter pertencido à discípula, encontra-se exposto no Museu Metropolitano de Arte, em Nova York.
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Apesar das dúvidas que cercam as relíquias e a própria história de Maria Madalena, sua importância nas histórias cristãs permanece incontestável.
A seguidora de Jesus transcendeu as controvérsias e se consolidou como um símbolo de fé, sendo venerada por fiéis ao redor do mundo.
O debate sobre sua verdadeira identidade e o paradeiro de seus restos mortais, no entanto, continua tão vivo quanto há séculos.
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