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Um estudo recente publicado na revista Science mostrou que, diferente do que se pensava, bebês têm a capacidade de formar lembranças desde muito cedo | Freepik
Os primeiros anos de vida são quase que impossíveis de serem recordados, mesmo com muito esforço. Embora aprendamos a andar e falar nesta idade, as lembranças exatas dos momentos não existem.
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Esse "apagão" na memória é chamado de amnésia infantil, um fenômeno que intriga cientistas há décadas.
Um estudo recente publicado na revista Science mostrou que, diferente do que se pensava, bebês têm a capacidade de formar lembranças desde muito cedo. Ou seja, não há impeditivo para armazenar a memória, o mistério é ela desaparecer com o tempo.
Durante a infância, o cérebro ainda está em construção. O hipocampo —região central para armazenar lembranças episódicas— só amadurece após os primeiros anos de vida, o que ajuda a explicar a facilidade das lembranças desaparecerem.
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Os padrões de células que armazenam as memórias, chamado de engramas, se formam ainda no hipocampo infantil, mas ficam inacessíveis, segundo testes realizados em roedores. Contudo, eles podem ser "reativados" em laboratório por meio de técnicas que estimulam os neurônios com luz, sugerindo que as lembranças não desaparecem de fato, apenas ficam bloqueadas.
O estudo publicado na Science contou com uma equipe liderada por pesquisadores de Yale, que decidiu testar diretamente se bebês realmente são capazes de conseguem mesmo registrar lembranças. Porém, uma dificuldade foi encontrada: como colocar os pequenos de poucos meses de vida dentro de uma máquina de ressonância magnética funcional sem que se mexam demais.
A condução foi realizada de uma maneira mais amigável possível, com chupetas, brinquedos, cobertores e até padrões psicodélicos de fundo distribuídos no ambiente para prender a atenção. Ainda assim, muitas imagens do cérebro precisaram ser descartadas por causa de movimentos inevitáveis.
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Ao todo, 26 bebês participaram dos testes, sendo metade com menos de um ano e metade com mais. Na dinâmica, eles tiveram que observar alguns rostos, objetos e cenas, e depois tiveram de distinguir entre imagens já vistas e novas. O tempo de atenção dedicado às figuras familiares foi usado como medida de memória.
O resultado não deixou dúvidas e concluiu que os bebês com um ano ou mais ativam o hipocampo quando codificam lembranças e os que obtiveram o melhor desempenho nas tarefas apresentaram maior atividade nessa região do cérebro.
Em contrapartida, isto não aconteceu com os pequenos com menos de um ano.
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Embora não tenham concluído por que, mesmo sendo comprovadamente existente, a memória do início da vida possa ser acessada, alguns cientistas acreditam que essas lembranças nunca chegam a se consolidar totalmente no longo prazo. Por outro lado, outros defendem que elas permanecem registradas, mas ficam inacessíveis.
Em novos experimentos, alguns indícios apontaram que as crianças são capazes de manter as memórias até cerca dos três anos, até que então, elas se dissolvem. A análise atual é de, se de alguma forma, seria possível recuperá-las em alguma fase da vida.
Portanto, a ciência segue os estudos para concluir se, de fato, as memórias infantis estão apagadas para todo o sempre, ou se apenas não foi descoberto o método para trazê-las de volta.
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