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Cotidiano

Doria pretende anunciar na quarta plano de retomada das aulas presenciais

Governador deve fazer anúncio ao lado de secretário; deputado da oposição chama possível medida de 'genocídio de professores'

Bruno Hoffmann

22/06/2020 às 21:16  atualizado em 23/06/2020 às 10:47

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Ônibus escolar na cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo

Ônibus escolar na cidade de Porto Feliz, no interior de São Paulo | Divulgação PMPF

Nesta quarta-feira, o governador João Doria (PSDB) e o secretário da Educação, Rossieli Soares, pretendem anunciar o calendário de retomada das atividades escolares presenciais no Estado. A tendência é que a volta das aulas em escolas públicas e privadas seja colocada na última etapa do Plano São Paulo de flexibilização da quarentena. Desse modo, as atividades presenciais poderiam voltar, em teoria, no início de agosto nas regiões que hoje estão na fase amarela, como a Capital, a Grande São Paulo e a Baixada Santista, ao se levar em conta que demoram 15 dias para uma região ter a possibilidade de mudar de fase. Diversas entidades ligadas à educação, porém, rejeitam a possibilidade de retorno das aulas. O deputado estadual Carlos Giannazi (Psol) chamou a possível medida de "genocídio de professores".

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Na semana passada, Doria afirmou que as aulas não devem retornar em breve. "Não será breve, vamos deixar claro pra não criar expectativas aos que estão nos ouvindo aqui. Será segura e no momento correto e será anunciada no próximo dia 24 pelo próprio secretário Rossieli", disse Doria à rádio "BandNews". Caso haja o anúncio, Giannazi promete entrar na Justiça até em cortes internacionais contra a medida, mas vê uma boa possibilidade do governador recuar diante do risco da ação (leia mais abaixo).

SAIBA MAIS:

Já há estudos pelo Brasil de volta das atividades escolares de forma considerada segura. A Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares) lançou um plano de retorno às aulas para as instituições privadas. Entre as recomendações da entidade estão manter uma distância de 1,2 metro entre os alunos, higienizar as dependências da unidade educacional diariamente com água sanitária, medir a temperatura de todas as pessoas que entrem nas unidades de ensino e promover o isolamento imediato de qualquer pessoa que apresente os sintomas característicos da Covid-19. A Fenep também sugere que algumas atividades sejam mantidas a distância.

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Para a entidade, as aulas devem ser permitidas em cidades em que o comércio teve a permissão de voltar a funcionar, para os pais poderem ir trabalhar com mais tranquilidade.

Há colégios particulares pelo País que conseguiram o direito do retorno das atividades presenciais. Uma creche particular na cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, por exemplo, abriu as portas em meados da maio.

As restrições, porém, são grandes. De acordo com a revista "Crescer", a creche de Porto Velho pode atuar no máximo com 20% dos alunos por vez. Os professores recebem as crianças com máscara, luvas, toca e até mesmo viseira, em alguns casos. Os brinquedos são higienizados constantemente. E, o mais difícil: as crianças, de até 5 anos, não podem encostar uma na outra, e ficam distribuídas pelo espaço brincando sozinhas. A maioria dos pais, com medo, preferiu manter as atividades totalmente a distância.

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Em uma escola particular em Sinop, no Mato Grosso, os estudantes precisam higienizar os calçados e mochilas e medir a temperatura diariamente. A escola precisou contratar mais funcionários para garantir que os alunos pequenos permaneçam afastados entre si.

Retorno das aulas é "genocídio", diz deputado

O retorno das atividades educacionais presenciais enfrenta resistência de políticos da oposição e entidades ligadas à educação. De acordo com o deputado estadual Carlos Giannazi (Psol), é “de uma irresponsabilidade criminosa” o governador anunciar qualquer plano de volta das aulas neste momento. Para ele, a atitude significaria um “genocídio de professores”.

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“Estamos atentos e vamos reagir se ele apresentar qualquer plano. Nós vamos ao Ministério Público, vamos ao Tribunal de Justiça e mesmo às cortes internacionais para evitar um genocídio de professores, um genocídio da educação. Ele vai matar os professores se fizer isso”, diz o deputado, em entrevista à Gazeta.

“Haverá uma contaminação incrível não só dos professores e servidores, mas também dos pais dos alunos, dos avós. Ele mata dos dois lados. Será um genocídio de professores, de servidores da educação e das famílias também”, completa.

Segundo Giannazi, os professores e funcionários temem a volta das aulas pela falta de testagem, pelo número insuficiente de servidores nas unidades de ensino e pelas salas de aulas de aula lotadas das escolas públicas.

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O deputado acredita que Doria criou a expectativa por ter permitido a reabertura do comércio e, dessa maneira, muitos pais precisariam que os filhos ficassem nas escolas enquanto fossem trabalhar. Porém, segundo Giannazi, a tendência é Doria voltar atrás.

“O certo é ele esperar a diminuição da pandemia, quando realmente houver de fato a diminuição da crise, para aí ele poder fazer algum planejamento. Eu acho que ele vai recuar. Ele está sendo muito criticado por isso”, diz.

Mais de 30 líderes de entidades do setor assinaram uma nota pública contra o retorno das aulas presenciais públicas e privadas em São Paulo. Segundo o documento, não há nenhuma orientação das autoridades sanitárias embasada em estudos científicos que garanta um nível aceitável de segurança para o retorno das aulas em meio à pandemia.

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"Antes de discutirmos um calendário para a retomada das aulas presenciais, precisamos estabelecer medidas de segurança nas escolas. Vamos ter que elaborar um protocolo multidimensional com o apoio de equipes sanitárias. O retorno nas escolas terá que ser feito com responsabilidade para preservarmos professores, alunos e seus familiares", diz Professora Bebel (PT), deputada estadual e presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), após contato da Gazeta.

Além de Bebel, lideranças de diversas entidades de educação assinaram o manifesto, como da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp), da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) e da Federação dos Trabalhadores em Educação do Estado de São Paulo (Fete-SP), entre diversos sindicatos de professores do interior paulista.

USP terá aulas a distância.

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Na semana passada, um grupo de trabalho coordenado pelo vice-diretor da Universidade de São Paulo (USP), Antonio Carlos Hernandes, apresentou um plano de readequação das atividades acadêmicas para o segundo semestre de 2020.

Segundo o plano, as aulas de graduação e de pós-graduação deverão continuar sendo ministradas de forma remota. O planejamento foi elaborado baseado em uma sistematização de propostas enviadas pelas Unidades de Ensino e Pesquisa e Órgãos da Universidade, e em documentos publicados pelo governo estadual.

De acordo com o pró-reitor de Graduação, Edmund Chada Baracat, o início das aulas não presenciais do segundo semestre deverá ser no dia 18 de agosto. As atividades práticas deverão ser repostas de janeiro a março de 2021.

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Atualização.

Em entrevista à "Rádio Bandeirantes" na manhã desta terça-feira (23), o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, disse que não existe data definida para a volta às aulas no Estado. Segundo ele, quando for autorizado, o retorno ocorrerá em fases.

O secretário explicou que a ideia é que apenas 20% dos estudantes assistam às aulas presencialmente num primeiro momento. Os detalhes estão sendo definidos e os protocolos vão valer para as redes pública e privada no estado de São Paulo.

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