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Edificio Martinelli | /Leon Rodrigues/Secom
Há 92 anos, a cidade de São Paulo começava a ganhar os primeiros contornos da paisagem que possui atualmente. Isso porque, naquele ano, era inaugurado o Edifício Martinelli, o primeiro arranha-céu de São Paulo.
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Idealizado pelo imigrante italiano Giuseppe Martinelli, o prédio, que por muitos anos foi considerado o mais alto da América Latina, foi projetado pelo arquiteto húngaro William Fillinger e começou a ser construído em 1924. Com 30 andares, 105 metros e 247 apartamentos, a construção só foi concluída em 1934, porém, em 1929, a obra foi parcialmente inaugurada, por conta da disputa pelo título de maior arranha-céu do Brasil com o Edifício “A Noite”, também em obras no Rio de Janeiro.
Localizado no centro da capital paulista, entre as ruas São Bento, Libero Badaró e Avenida São João, a construção do Martinelli envolveu o trabalho de 600 operários e 90 artesãos, além de utilizar diversos materiais importados, como o cimento rosa, vindo da Noruega e da Suécia, mármore italiano, e portas e janelas da Alemanha e Lituânia. Os três últimos permanecem originais até hoje.
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Apesar do luxo, o Edifício enfrentou alguns desafios durante sua história. O primeiro deles foi a desconfiança da população paulista da época sobre a sua segurança, visto que, acostumados com construções de até quatro andares, muitos acreditavam que o prédio iria cair. A polêmica fez com que Giuseppe Martinelli construísse um palacete nos últimos andares e passasse a viver ali com a família. A iniciativa tinha como objetivo demonstrar que a construção era segura e inspirar que os ricos da cidade fossem morar no prédio. A medida, contudo, não saiu como o empresário imaginava e, endividado, em meados da década de 1930, ele vendeu o edifício para o governo italiano e se mudou para o Rio de Janeiro.
Mal-assombrado
No início da década de 1940, o governo brasileiro confiscou o prédio, alegando dívida de guerra, já que o Brasil havia declarado guerra à aliança formada por Itália, Japão e Alemanha. Em 1944, um consórcio compra o Edifício e o transforma em um condomínio.
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Na década seguinte, contudo, o Martinelli é ocupado por famílias de baixa renda e se transforma em um cortiço. No período, o empreendimento entrou em uma fase de degradação extrema, com precarização das habitações, ocupações por templos e prostíbulos, colapso dos elevadores, acúmulo de lixo nos poços e ocorrência de diversos crimes.
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Dois assassinatos marcaram a história do Edifício, o que o faz carregar a fama de mal-assombrado até hoje. O primeiro deles foi o assassinato do garoto judeu Davilson Gelisek, que, aos 14 anos, foi violentado e atirado no fosso do elevador por um assassino confesso, apelidado de Meia-Noite.
Outro crime bárbaro foi a morte de uma garota de 17 anos, assassinada por cinco bandidos em um andar do prédio, no ano de 1960.
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Revitalização
O destino do Martinelli começou a mudar em 1975, quando o então prefeito da Capital, Olavo Setúbal (1923-2008), permitiu uma intervenção no prédio. O edifício foi então desapropriado e completamente remodelado entre os anos de 1975 e 1979, passando a abrigar órgãos municipais e lojas no piso térreo. Na década de 1980, o Edifício Martinelli teve sua volumetria e fachadas tombadas.
Desde sua inauguração, o Martinelli teve diversos inquilinos. O prédio já abrigou um cinema luxuoso, o Cine Rosário, um hotel para a alta renda, o Hotel São Bento, além de casas noturnas, restaurantes, veículos de imprensa e partidos políticos.
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Atualmente, o edifício é sede das secretarias municipais de Urbanismo e Licenciamento (SMUL), Habitação (SEHAB) e Subprefeituras (SMSUB), da Companhia Metropolitana de Habitação (COHAB) e da São Paulo Urbanismo, proprietária de alguns andares do prédio, incluindo a cobertura, que permite uma visão panorâmica da cidade de São Paulo em 360º.
A cobertura foi restaurada em 2008 e reaberta para visitação gratuita em 2019. Hoje, entretanto, por conta da pandemia do novo coronavírus, as visitações estão suspensas.
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