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Cotidiano
No ano passado, a produção agrícola do país totalizou R$ 743,3 bilhões em receita, na soma das culturas permanentes e temporárias
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Produção de soja corresponde a 40% da receita da produção agrícola. | Fotokostic
Em um cenário de demanda aquecida e preços elevados, a soja passou a responder por mais de 40% do valor gerado pela produção agrícola brasileira.
É o que indicam dados da pesquisa PAM (Produção Agrícola Municipal) 2021, divulgada nesta quinta-feira (15) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No ano passado, a produção agrícola do país totalizou R$ 743,3 bilhões em receita, na soma das culturas permanentes e temporárias. O crescimento foi de 58,6% ante 2020 (R$ 468,5 bilhões) em termos nominais -sem o desconto da inflação.
A quantia mais recente representa um recorde na série histórica desde a criação do real, em 1994, também em termos nominais, de acordo com IBGE.
O valor gerado apenas pela soja chegou a R$ 341,7 bilhões em 2021, outra máxima na série e uma alta de 102,1% em relação a 2020 (R$ 169,1 bilhões).
Com o avanço, a participação do grão frente à receita total da produção agrícola pulou para 46% no ano passado. O percentual era de 36,1% em 2020. No começo do século, em 2001, estava em 20,4%.
"A soja saiu da terceira posição no ranking de maior valor da produção agrícola nacional, na primeira metade da década de 1990, para tornar-se a principal commodity", destaca o estudo do IBGE.
Segundo o instituto, o ganho da soja reflete investimentos em pesquisa e tecnologia nas lavouras. Essas ações teriam sido traduzidas no aumento da produtividade da cultura ao longo dos anos, que também passou a ser estimulada pela demanda externa e pelos preços elevados.
Em 2021, a safra de soja alcançou 134,9 milhões de toneladas, uma alta de 10,8% frente ao ano anterior, apontou o IBGE.
Depois da soja, as maiores participações no valor total da produção agrícola brasileira vieram do milho (15,7%) e da cana-de-açúcar (10,1%).
A safra de milho teve retração de 14,9% no ano passado, com 88,5 milhões de toneladas. Mesmo assim, o valor da produção da cultura subiu 60,7%, para R$ 116,4 bilhões.
A receita mais elevada, diz o IBGE, está associada ao aumento dos preços da commodity, em razão da baixa oferta do produto e do câmbio em patamares elevados, que favoreceram a exportação.
A cana-de-açúcar, por sua vez, teve um crescimento de 24,4% no valor, para R$ 75,3 bilhões, em 2021. Porém, houve queda de 5,3% na produção, para 715,7 milhões de toneladas.
"O ano [2021] foi marcado pela instabilidade climática entre o outono e o inverno, que afetou principalmente o desenvolvimento das culturas de 2ª safra em boa parte do território nacional. Culturas como o milho, a cana-de-açúcar e o café apresentaram significativa queda na produção. Os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul foram os mais afetados", diz a pesquisa.
"Contudo, as principais culturas temporárias com predomínio de cultivo na 1ª safra, como a soja e o arroz, apresentaram bons resultados. Destaque para o estado do Rio Grande do Sul, que apresentou boa recuperação, após problemas climáticos enfrentados no ano anterior", acrescentou.
MT NA LIDERANÇA
Entre os estados, o Mato Grosso voltou a registrar o maior valor de produção agrícola no ano passado: R$ 151,7 bilhões (20,4% do total). O aumento foi de 91,5% em termos nominais, grande parte em razão da soja, seu principal cultivo.
Em seguida, o Rio Grande do Sul alcançou R$ 90,8 bilhões (12,2% do total). A alta chegou a 138,4% em relação a 2020.
São Paulo ficou em terceiro lugar, com R$ 84,1 bilhões (11,3% do total). O valor teve crescimento de 23,7% frente ao ano anterior.
Entre os municípios, o líder em valor de produção agrícola, pelo terceiro ano consecutivo, foi Sorriso (MT). O indicador local atingiu R$ 10 bilhões, uma alta de 86,4% ante 2020. A soja e o milho foram as culturas de maior valor.
Ao longo da pandemia, as commodities agrícolas subiram de preço com a procura aquecida no mercado internacional. A situação acabou estimulando exportações, segundo analistas. No mercado interno, o reflexo foi o aumento dos valores cobrados por alimentos nas gôndolas dos supermercados.
O óleo de soja, por exemplo, acumulou inflação de 103,79% em 2020 e de 4,16% em 2021, de acordo com dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também calculado pelo IBGE. O milho em grão, por sua vez, subiu 13,56% em 2020 e 18,61% em 2021.
Já o açúcar refinado acumulou inflação de 12,11% e de 47,87% nos mesmos períodos. O cristal avançou 25,24% e 37,55%, respectivamente.
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