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Misturar remédios e álcool: as reais consequências para a saúde

Médico esclarece quando a combinação de álcool e remédios se torna perigosa e quando é possível abrir exceção

Gladys Magalhães

30/09/2024 às 19:12

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Alguns medicamentos nunca devem ser misturados com bebidas alcoólicas

Alguns medicamentos nunca devem ser misturados com bebidas alcoólicas | Freepik

O brasileiro consome em média 8 litros de álcool por ano, dois litros acima da média mundial. Os dados, publicados pelo Ministério da Saúde, são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e acendem um alerta: é preciso pensar nas consequências de misturar álcool e remédios.

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Segundo o médico psiquiatra William Augusto Araújo, professor do curso de Medicina do Centro Universitário Max Planck (UniMAX Indaiatuba), nem sempre a interação entre álcool e medicamentos será danosa, porém, as bebidas alcoólicas podem piorar os sintomas do que está sendo tratado.

“Mesmo que o álcool não altere diretamente o efeito de alguns medicamentos, ele pode piorar os sintomas que estão sendo controlados com esses remédios. O uso regular de álcool pode aumentar a sensação de tristeza e ansiedade a longo prazo, por exemplo, o que pode tornar o tratamento menos eficaz”, explica.

Os perigos de misturar álcool com medicamentos

Quando se fala dos riscos de misturar álcool e medicamentos, o problema quase sempre está relacionado com o fígado, que pode ficar sobrecarregado, visto que é o responsável por metabolizar tanto o álcool como os remédios.

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“Quando o fígado está "ocupado" processando a bebida alcoólica, ele pode não conseguir metabolizar outras substâncias adequadamente, incluindo alguns remédios, que precisam ser metabolizados para agir”, diz Araújo.

Em outras palavras, o medicamento pode não funcionar como deveria. Além disso, ressalta o médico, pode ocorrer uma sobrecarga no fígado, resultando desde uma lesão reversível das células até o risco de insuficiência hepática, ou falha total do fígado.

Os remédios mais perigosos para misturar com bebidas alcoólicas

De acordo com o professor, alguns medicamentos nunca devem ser misturados com bebidas alcoólicas, a exemplo dos benzodiazepínicos, como diazepam, clonazepam, lorazepam e alprazolam; e o metronidazol, um antibiótico usado para tratar infecções intestinais e sexualmente transmissíveis.

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“Os benzodiazepínicos são depressores do sistema nervoso central e, quando combinados com álcool podem causar insuficiência respiratória, ou seja, a pessoa pode parar de respirar”, alerta o médico.

No caso do metronidazol, a combinação com álcool pode levar a uma reação chamada efeito antabuse, que consiste no acúmulo de acetaldeído, uma substância tóxica que provoca náuseas intensas, vômitos, dor de cabeça e, em casos graves, convulsões.

Outros medicamentos que interagem com álcool

O Ministério da Saúde chama atenção para outras interações perigosas, conforme é possível observar a seguir:

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  • Álcool e paracetamol: maior risco de hepatite medicamentosa, grave inflamação no fígado.
  • Álcool e dipirona: o efeito do álcool pode ser potencializado.
  • Álcool e ácido acetilsalicílico: eleva o risco de sangramentos no estômago. O acetilsalicílico irrita a mucosa estomacal. O que seria um leve transtorno, pode ser potencializado pelo álcool.
  • Álcool e antibióticos: é possível causar vômitos, palpitação, cefaleia, hipotensão, dificuldade respiratória e até morte.
  • Álcool e anti-inflamatórios: aumenta o risco de úlcera gástrica e sangramentos.
  • Álcool e antidepressivos: aumenta as reações adversas e o efeito sedativo, além de diminuir a eficácia dos antidepressivos.
  • Álcool e calmantes (ansiolíticos): aumenta o efeito sedativo, o risco de coma e insuficiência respiratória.
  • Álcool e inibidores de apetite: pode aumentar o potencial de efeitos sobre o sistema nervoso central, como tontura, vertigem, fraqueza, síncope e confusão.
  • Álcool e insulina: pode gerar hipoglicemia, pois o álcool inibe a disponibilidade de glicose realizada pelo organismo; e causar efeito antabuse.
  • Álcool e anticonvulsivantes: aumenta os efeitos colaterais e o risco de intoxicação, enquanto que diminui a eficácia contra as crises de epilepsia.

Remédios de uso contínuo e bebidas alcoólicas

Ainda que altamente recomendável, nem sempre as pessoas conseguem evitar um copo de cerveja ou vinho de vez em quando, enquanto fazem uso de medicamentos, especialmente remédios de uso contínuo.

Nestes casos, William recomenda uma conversa clara com o médico que prescreveu o remédio. Segundo ele, pode haver algumas exceções, caso o medicamento prescrito não passe pelo fígado.

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